terça-feira, 16 de agosto de 2011


{ Samba de uma nota só }

Qual é o seu assunto predileto? Não aquele de seu interesse, como o que gosta de ler, assistir na TV, cinema, esporte ou o andamento do trabalho, mas, o que você dispara a falar quando encontra um amigo e dá a impressão de estar cantando um samba de numa nota só? 

Problemas familiares? Desejo de emagrecer? Desejo de arranjar um namorado { a }? Desejo de mudar de emprego? Sonho de fazer sucesso? Falta de dinheiro? 

 O que você fala sem parar quando encontra um amigo é exatamente onde mora a sua neurose e as neuroses, quase sempre, tem como foco o Outro. E quando o foco é o Outro dificilmente conseguimos encontrar a paz {no dicionário, ausência de conflito} e sanar a angustia de não conseguir e/ou não poder resolver as questões que nos assombram. 

Uma pessoa em conflito interno permanente não consegue distrair-se, pensa e fala sobre a mesma coisa o tempo todo, e sem distração a vida emperra. Porque a vida é o que acontece enquanto esperamos a chuva passar. Na vida, como no teatro, é preciso abrir espaço para o improviso. 

Quem dá ao Outro o poder supremo de fazer a própria vida dar certo só conseguirá colecionar pequenos fracassos porque o Outro não está no mundo para satisfazer as nossas vontades e bem na verdade também está tentando se salvar dos seus próprios dilúvios. 

Dar ao Outro o poder de fazer a nossa vida dar certo é: acreditar, por exemplo, que um relacionamento é a salvação da lavoura, sinônimo de bem aventurança. 

Mas o Outro não necessariamente precisa ser alguém, pode ser algo: trabalho, esporte, objeto de consumo, empresa, amor, objetivo. Porque quando alcançamos uma dessas coisas, de acordo com 'o manual pratico das neuroses', outra se instala no lugar, pois quem foca no Outro não sente paz { ausência de conflito } quase nunca e padece sempre da sensação de que algo está faltando. 

Oui, oui, o que falta é coragem para ser só. Para ser e se sentir completo independentemente do Outro. Para aceitar que nem tudo é perfeito, para aceitar as próprias falhas. Para amar o que se tem AGORA e não o que passou e o que está porvir. 

E se essa coragem parece ter dado no pé, o jeito é parar de fingir que está tudo bem, parar de alugar os amigos com o famoso samba de uma nota só e encarar um divã. (O colo e a cura de Deus, por exemplo!)

Dica 

Tendemos a dar explicações aos outros, sem que eles tenham perguntando, sobre nossos problemas. Basta um amigo perguntar “tudo bem?’ para sairmos falando, falando, falando....Será que é para os outros que estamos explicando ou nos justificando ou para nós mesmos? Experimente refletir, antes de falar, sobre os motivos que te levam a falar determinados assuntos com determinadas pessoas. Você pode se surpreender. Você pode perceber, de repente, que aquele te escuta pode não ter o menor interesse no seu problema e que no fundo você pode estar querendo, apenas, entender seus próprios problemas ou se livrar deles... 





convide-se para tomar um chá e pergunte-se:
 você tem medo de quê? 

Autoria: Mônica Montone, poetisa e escritora.
Palavras em destaque rosa - PG Saltos 

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